O que o cessacionismo não é

Por Nathan Busenitz

 

Muito barulho foi feito (nesse blog e em outro lugar) sobre os recentes comentários anticessacionistas feitos por um pastor popular de Seattle.  Não desejo começar uma guerra de palavras ou me envolver numa polêmica online.  Apenas espero fazer uma contribuição útil a esse tema.

Nos últimos anos, investiguei o registro histórico sobre os dons carismáticos, especialmente o dom de línguas.  Espero que o pastor citado, e seu coautor, tratem o material de forma responsável em seus futuros trabalhos sobre o assunto (Quem sabe, talvez eles poderiam estar abertos a um livro com dois pontos de vista?)

Além disso, também espero que, ao criticar a posição cessacionista, os autores não criem uma caricatura do cessacionismo.  (Vou admitir que, com base no que li até agora, tenho medo de que a caricatura já esteja em construção.)

Contudo, em um esforço para desmantelar uma deturpação falaciosa antes de ser construída, ofereço os quatro seguintes esclarecimentos sobre o que o cessacionismo não é:

 

  1. Cessacionismo não é contra o sobrenatural e nem nega a possibilidade dos milagres.

Quando se trata de compreender a posição cessacionista, a questão não é se Deus continua a fazer milagres hoje? Cessacionistas reconheceriam prontamente que Deus pode agir a qualquer momento e da maneira que Ele escolher. John MacArthur explica que:

Milagres na Bíblia (primariamente) ocorreram em três grandes períodos de tempo. O tempo de Moisés e Josué, o tempo de Elias e Eliseu, e o tempo de Cristo e os apóstolos.   . . . E durante esses três breves períodos de tempo, e somente neles, os milagres proliferaram; eles eram a norma, eram em abundância. Agora, Deus pode interpor-Se no fluxo humano sobrenaturalmente a qualquer hora que Ele quiser. Nós não o limitamos. O que simplesmente dizemos é que Ele escolheu limitar a Si mesmo em grande medida àqueles três períodos de tempo.

Assim, o cessacionismo não nega a realidade de que Deus pode fazer o que Ele quiser, sempre que Ele quiser. (Sl 115:3). O cessacionismo não coloca Deus numa caixa ou limita sua prerrogativa soberana.

Ele reconhece que havia algo único e especial sobre o período e realização de milagres que definiu os ministérios de Moisés e Josué, Elias e Eliseu, e Cristo e seus apóstolos. Além disso, ele reconhece o fato aparentemente óbvio que esses tipos de milagres (como a divisão do mar, a interrupção da chuva, a ressurreição dos mortos, o andar sobre a água, ou a cura instantânea tanto de coxos como de cegos) não estão ocorrendo hoje.

Assim, os cessacionistas concluem que:

A era apostólica foi maravilhosamente única e está finalizada. E o que aconteceu nesse tempo, portanto, não é o paradigma para a vida cristã. O paradigma para a vida cristã é estudar a Palavra de Deus, que é capaz de nos tornar sábios e perfeitos. (Isto) é viver pela fé e não por vista.  (Ibid.)

Mas, será que Deus ainda pode fazer coisas extraordinárias no mundo de hoje?  Certamente que sim, se Ele escolher. Na verdade, cada vez que os olhos de um pecador são abertos para evangelho, e uma nova vida em Cristo é criada, isto nada mais é do que um milagre.

Em seu útil livro, Continua? Samuel Waldron habilmente expressa a posição cessacionista desta forma: 102):

Não estou negando os milagres no mundo de hoje no sentido mais amplo de ocorrências sobrenaturais e providências extraordinárias. Estou apenas dizendo que não existem milagres no sentido mais estrito dos operadores de milagres, que se utilizam de sinais miraculosos para atestar a revelação redentora de Deus. Embora Deus nunca tenha se colocado para fora do Seu mundo, e ainda tenha liberdade para fazer o que Lhe apraz, quando Lhe apraz, como Lhe apraz, e onde Lhe apraz, Ele deixou claro que o progresso da revelação redentora, atestada por sinais miraculosos feitos por operadores de milagres, terminou na revelação apresentada no Novo Testamento.

Portanto, a questão não é: Deus ainda faz milagres?  

Em vez disso, a questão definitiva deve ser esta: Os dons miraculosos do Novo Testamento continuam operando hoje na igreja de tal forma que o que era norma nos dias de Cristo e dos apóstolos deva ser esperado hoje?

A isso, todo cessacionista responderia que “não”.

 

  1. O Cessacionismo não é fundamentado em uma única interpretação do “perfeito” em 1 Coríntios 13:10.

Com relação a esse assunto, parece que existe tantas abordagens sobre “o perfeito” entre os eruditos cessacionistas quanto existem comentaristas que escrevem a respeito de 1 Co 13:8-13. O espaço desse artigo não permite uma investigação completa sobre o tema, mas somente uma rápida explanação das principais posições.

As diferentes visões

(1) Alguns (como F.F. Bruce) argumentam que o próprio amor é o perfeito. Assim, quando a plenitude do amor vier, os coríntios deixarão seus desejos infantis.

(2) Alguns (como B.B. Warfield) afirmam que o cânon completo da Escritura é o perfeito. A Escritura é descrita como “perfeita em Tg 1:25, um texto em que a mesma palavra para “espelho” (como no v. 12) é encontrada (em Tg 1:23). Assim, a revelação parcial será aniquilada quando chegar a plena revelação da Escritura.

(3) Alguns (como Robert Thomas) afirmam que a maturidade da igreja é o perfeito.  Esta abordagem é baseada na ilustração do verso 11 e a conexão entre esta passagem e Ef 4:11–13. O momento exato da “maturidade” da igreja é desconhecido, embora esteja muito associada ao fechamento do cânon e o fim da era apostólica (cf. Ef 2:20).

(4) Alguns (como Thomas Edgar) veem a condução do crente à presença de Cristo (no momento da morte) como o perfeito. Esta perspectiva considera o aspecto pessoal da afirmação paulina no verso 12. A experiência pessoal de Paulo do pleno conhecimento quando ele for conduzido a presença de Cristo em sua morte. (cf. 2 Co. 5:8).

(5) Alguns (como Richard Gaffin) veem o retorno de Cristo (e o fim desta era) como o perfeito. Este é o mesmo ponto de vista da maioria dos continuístas. Assim, quando Cristo voltar (como descrito no capítulo 15), a revelação parcial, como nós conhecemos agora, será completada.

(6) Alguns (como John MacArthur) compreendem O estado eterno (no sentido geral) como o perfeito. Esta posição interpreta o neutro de to teleion como uma referência ao sentido geral dos eventos e não ao retorno pessoal de Cristo. Esta perspectiva combina as posições 4 e 5, citadas acima. De acordo com esta perspectiva: “Para os cristãos, o estado eterno inicia na morte, quando se encontram com o Senhor ou no arrebatamento, quando o Senhor o tomar para Si. (John MacArthur, Primeira Coríntios, p. 366).

Destas perspectivas, eu acho as três ultimas mais convincentes do que as três primeiras. Isto se deve principalmente, (eu confesso) ao testemunho da história da igreja. Dr. Gary Shogren, após um profundo estudo de mais de 169 referências patrísticas a esta passagem, conclui que a vasta maioria dos Pais da Igreja entendiam o perfeito como algo que está além desta vida (normalmente associando-o com o retorno de Cristo ou ao retorno de Cristo no céu.  Até mesmo João Crisóstomo (que era claramente um cessacionista) via desta maneira.  Embora não seja determinante, tal evidência histórica é de difícil rejeição.

Em todo caso, meu ponto aqui é simplesmente este: O intérprete pode tomar qualquer uma das posições acima e ainda permanecer cessacionista.  De fato, existem cessacionistas sustentando cada uma das posições listadas (como os nomes listados indicavam)

Deste modo, Anthony Thiselton observa em seu comentário sobre esta passagem: “O único ponto importante aqui é que poucos ou nenhum dos argumentos dos “cessacionistas” sérios dependem de uma exegese específica de 1 Co 13:8-11 . . . Estes versos não devem ser usados como polêmica em nenhum dos lados neste debate “(NIGTC, pp 1063-1064).

 

  1. Cessacionismo não é um ataque à Pessoa ou à obra do Espírito Santo.

Na verdade, apenas o oposto é verdadeiro.  Cessacionistas são motivados pelo desejo de ver o Espírito Santo glorificado Eles estão preocupados que, ao redefinir os dons, a posição continuísta barateie a natureza extraordinária dos dons, diminuindo a verdadeira obra miraculosa do Espírito nos estágios iniciais da igreja.

Cessacionistas estão convencidos de que, redefinindo a cura, a posição carismática apresenta um mau testemunho para o mundo ao ver que o doente não está curado. Redefinindo o dom de línguas, a posição carismática promove um tipo de jargão absurdo que vai contra tudo o que sabemos sobre o dom bíblico. Redefinindo o dom de profecia, a posição carismática dá credibilidade para aqueles que afirmam falar as palavras de Deus e ainda incorrem em erro.

Portanto, esta é a principal preocupação dos cessacionistas: Que a honra do Deus Triúno e Sua Palavra sejam exaltadas – e que ela não seja banalizada por fracos substitutos.

E o que fazemos para saber se algo é autêntico ou não?  Através de sua comparação com o testemunho escrito das Escrituras. Será que ao irmos para a Bíblia para definirmos os dons significa que estamos desprezando o Espírito Santo? Muito pelo contrário. Quando examinamos as Escrituras, estamos indo ao próprio testemunho do Espírito Santo para descobrir que Ele revelou os dons que Ele concedeu.

Como cessacionista, eu amo o Espírito Santo. Nunca iria querer fazer qualquer coisa para desacreditar sua obra, diminuir os seus atributos, ou minimizar o seu ministério. Nem iria querer perder nada do que Ele esteja fazendo na igreja de hoje.  E eu não sou o único cessacionista que se sente assim.

Porque amamos o Espírito Santo pela incrível e contínua obra do Espírito no corpo de Cristo. Suas obras de regeneração, habitação, batismo, selo, segurança iluminação, convencimento, confrontamento, confirmação, enchimento, e capacitação são todos os aspectos indispensáveis de seu ministério.

Porque amamos o Espírito Santo, somos motivados a estudar as Escrituras que Ele inspirou para aprender a andar de modo digno, sendo caracterizado pelo seu fruto.  Ansiamos ser cheios pelo Espírito (Ef 5:18) o que começa por sermos cheios de Sua Palavra (Cl 3:16-17) e ser equipados com Sua espada, que é a Palavra de Deus (Ef 6:17).

Finalmente, por causa do amor que temos pelo Espírito Santo, o apresentamos de forma justa, para entender e apreciar seus propósitos (como ele no-lo revelou em Sua Palavra), e alinhar-nos com o que Ele tem feito no mundo. Isto mais do que tudo nos dá razão para estudar a questão dos dons carismáticos (cf. 1 Co 12:7-11). Nosso objetivo neste estudo tem que ser mais do que mera correção doutrinária.  Nossa motivação deve ser de obter uma compreensão mais precisa da obra do Espírito Santo, de tal forma que possamos melhorar o nosso rendimento no serviço a Cristo, para glória de Deus.

 

  1. Cessacionismo não é um produto do Iluminismo.

Talvez a maneira mais fácil de demonstrar este ponto final é citar os líderes pré-Iluministas cristãos que sustentavam uma posição cessacionista.  Afinal, é difícil argumentar que a teologia de João Crisóstomo no século IV foi um resultado do racionalismo europeu do século XVIII.

Finalizando o assunto deste post, aqui estão dez líderes da história da Igreja a se considerar:

  1. João Crisóstomo (c. 344–407):

A passagem inteira (falando sobre 1 Coríntios 12) é muito obscura, mas a obscuridade é produzida por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, fatos que ocorriam, mas agora não tem mais lugar.

(fonte: João Crisóstomo, Homilias em 1 Coríntios, 36.7 Crisóstomo está comentando 1 Co 12:1-2 como introdução ao capítulo inteiro. Citado de 1-2 Coríntios in: Ancient Christian Commentary Series, 146.)

  1. Agostinho (354-430):

Nos tempos antigos o Espírito Santo veio sobre os crentes e eles falaram em línguas, que não haviam aprendido, conforme o Espírito concedia que falassem. Estes foram sinais adaptados ao tempo. Pois aquilo foi o sinal do Espírito Santo em todas as línguas [idiomas] para mostrar que o Evangelho de Deus era para ser espalhado a todas as línguas sobre a terra.  Isto foi feito por um sinal, e o sinal findou.

(Fonte: Agostinho. Homilias sobre a Primeira Epístola de João, 6.10. Cf. Schaff, NPNF, First Series, 7:497-98)

  1. Teodoreto de Ciro (c. 393 c. 466):

Em tempos antigos, aqueles que aceitaram a divina pregação e que foram batizados para a sua salvação, receberam sinais visíveis da graça do Espírito Santo trabalhando neles. Alguns falaram em línguas que eles não sabiam e que ninguém lhes havia ensinado, enquanto outros realizaram milagres ou profetizaram.  Os coríntios também fizeram essas coisas, mas não usaram os dons como deveriam ter usado. Eles estavam mais interessados em se mostrar do que em usar os dons para a edificação da igreja . . . Mesmo no nosso tempo a graça é dada para aqueles que são julgados dignos do santo batismo, mas não pode assumir a mesma forma que possuía naqueles dias.

(Fonte: Teodoreto de Ciro. Comentário sobra a primeira epístola aos Coríntios, 240, 43; em referência à 1Co 12:1,7.  Citado de 1-2 Coríntios, ACCS, 117).

Nota: Os defensores do continuísmo, como Jon Ruthven (em seu trabalho, sobre a Cessação dos charismata), também reconhece pontos de vista cessacionistas em outros Pais da Igreja (como Orígenes, no século 3, e Ambrósio no século 4).

Além disso, a esta lista, podemos incluir o nome mais conhecido da Idade Média, o escolástico do século 13, Tomás de Aquino.

Mas, vamos avançar para a Reforma e a era Puritana.

  1. Martinho Lutero (1483-1546)

Na Igreja primitiva, o Espírito Santo foi enviado de forma visível.  Ele desceu sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt 3:16), e à semelhança de fogo sobre os apóstolos e outros crentes.  (At 2:3) Esse derramamento visível do Espírito Santo foi necessário para o estabelecimento da Igreja primitiva, como também foram necessários os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo. Paulo explicou o propósito destes dons miraculosos do Espírito em 1 Co 14:22 “as línguas são um sinal, não para os que creem, mas para os que não creem”.  Uma vez que a Igreja tinha sido estabelecida e devidamente anunciada por estes milagres, a aparência visível do Espírito Santo cessou.

(Fonte: Martinho Lutero, traduzido por Theodore Graebner [Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1949], pp  150-172. A respeito do comentário de Lutero sobre Gálatas 4:6.)

  1. João Calvino (1509-1564):

Embora Cristo não declare expressamente se Ele pretende que esse dom [de milagres] seja temporário ou a permaneça perpetuamente na Igreja, é mais provável que os milagres tenham sido prometidos apenas por um tempo, para dar brilho ao evangelho enquanto ele era novo ou em estado de obscuridade.

(Fonte: João Calvino, Comentário sobre os Evangelhos Sinóticos, III:389.)

O dom de cura, como o resto dos milagres, os quais o Senhor quis que fossem trazidos à luz por um tempo, desapareceu, a fim de tornar a pregação do Evangelho maravilhosa para sempre.

(Fonte: João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV.19.18.)

  1. John Owen (1616-1683):

Dons que em sua própria natureza excederam completamente o poder de todas as nossas habilidades, essa dispensação do Espírito há muito cessou e onde ela agora é simulada por alguém, pode ser justamente presumida como um delírio entusiasmado.

(Fonte: John Owen, Obras, IV:518.)

  1. Thomas Watson (1620-1686):

Claro, há tanta necessidade de ordenação hoje como no tempo de Cristo e no tempo dos apóstolos, quando então havia dons extraordinários na igreja, os quais agora cessaram.

(Fonte: Thomas Watson, As Bem-Aventuranças, 140.)

  1. Mattew Henry (1662-1714):

O que eram esses dons nos é largamente dito no corpo do capítulo [1 Coríntios 12], ou seja, ofícios e poderes extraordinários, concedidos a ministros e cristãos nos primeiros séculos, para a convicção dos descrentes, e propagação do evangelho.

(Fonte: Mattew Henry, Comentário Completo, em referência a 1 Coríntios 12

O dom de línguas foi um novo produto do espírito de profecia e dado por uma razão particular, retirar o judeu e demonstrar que todas as nações podem ser conduzidas à igreja. Estes e outros sinais da profecia, começaram como sinais, e há muito cessaram e foram deixados para trás, e nós não temos nenhum incentivo para esperar um avivamento deles; mas, pelo contrário, somos direcionados para o chamado das Escrituras a mais certa palavra de profecia, mais certa que vozes dos céus, e ela nos orienta a tomar cuidado, a busca-la e se firmar nela., 2 Pedro 1:29.

(Fonte: Mattew Henry, Prefácio ao Vol IV de sua Exposição do At e NT, vii.)

  1. John Gill (1697-1771):

[Comentando 1 Coríntios 12:9 e 30,].

Agora esses dons foram concedidos comumente, pelo Espírito, aos apóstolos, profetas e pastores, ou anciãos da igreja, naqueles primeiros tempos: a cópia de Alexandria, e a versão Latina da Vulgata, dizem, “por um só Espírito”.

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:9.)

Não; quando estes dons estavam presentes, nem todos os possuíam.  Quando a unção com óleo, a fim de curar o doente, estava em uso, ela só foi executada pelos anciãos da igreja, e não pelos seus membros comuns, que deveriam buscar o doente nesta ocasião.

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:30.)

  1. Jonathan Edwards (1703-1758):

Nos dias de sua [Jesus] encarnação, os seus discípulos tinham uma medida dos dons miraculosos do Espírito, sendo habilitados desta forma para ensinar e fazer milagres.  Mas, depois da ressurreição e ascensão, ocorreu o mais completo e notável derramamento do Espírito em seus dons milagrosos que já existiu, começando com o dia de Pentecostes, depois da ressurreição Cristo e Sua ascensão ao céu.  E, em consequência disto, não somente aqui e ali uma pessoa extraordinária era dotada de dons extraordinários, mas eles eram comuns na igreja, e assim continuou durante a vida dos apóstolos, ou até a morte do último deles, mesmo o apóstolo João, que viveu por cerca de cem anos desde nascimento de Cristo, de modo que os primeiros cem anos da era cristã, ou o primeiro século, foi a era dos milagres.

Mas, logo após a finalização do cânon da Escritura quando o apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse, não muito antes de sua morte, os dons miraculosos tiveram seu fim na igreja. Pois, agora, a revelação escrita da mente e da vontade de Deus estava completa e estabelecida. Revelação na qual Deus havia perfeitamente gravado uma regra permanente e totalmente suficiente para Sua igreja em todas as eras.  Com a igreja e a nação judaica derrotadas, e a igreja cristã e a última dispensação da igreja de Deus estabelecidas, os dons miraculosos do Espírito já não eram mais necessários e, portanto, eles cessaram; pois embora eles tenham continuado na igreja por tantas eras, eles se extinguiram, e Deus fez com que fossem extintos porque já não havia ocasião favorável a eles.  E assim foi cumprido o que está dito no texto: “Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão. Havendo ciência, desaparecerá”.  E agora parece ser o fim para todos os frutos do Espírito tais como estes, e não temos mais razão de esperar que voltem.

(Fonte: Jonathan Edwards, sermão intitulado “O Espírito Santo deve ser comunicado aos santos para sempre, na graça da caridade, ou amor divino”, em 1 Coríntios 13:8).

Os dons extraordinários foram dados para a fundação e o estabelecimento da igreja no mundo. Mas, depois que o cânon das Escrituras foi concluído e a igreja cristã foi plenamente fundada e estabelecida, os dons extraordinários cessaram.

(Fonte: Jonathan Edwards, Caridade e seus frutos, 29.)

* * * * *

Poderíamos adicionar a esta lista outros nomes: James Buchanan, R.L. Dabney, Charles Spurgeon, George Smeaton, Abraham Kuyper, William G.T. Shedd, B. B. Warfield. A.W. Pink, e assim por diante. Mas, tem que se admitir, eles são figuras históricas pós-iluministas.

Então, acho que é melhor usar seu testemunho numa outra postagem.

 

Traduzido por Isaias Lobão Pereira Junior e revisado por Arielle Pedrosa Borges, Werbson Calin e Ewerton B. Tokashiki.

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