Por Fôlton Nogueira
No domingo passado escrevi: “há pouco mais de um século a vergonha da Igreja foi institucionalizada no movimento pentecostal”. Alguns disseram que fui rude. Acho que não. Explico:
Na primeira carta à Igreja de Corinto, Paulo gasta os capítulos 12, 13 e 14 para instruí-los a respeito dos dons espirituais e já no final do capítulo 12 ele classifica as línguas em último lugar numa lista de importância.
No capítulo 13 (que hoje é erroneamente usado como apologia ao amor romântico) ele mostra o quanto o mau uso do dom de línguas é perigoso para a igreja e o quanto ele está ligado ao comportamento infantil: “quando eu era menino falava como menino”.
No capítulo 14 a ênfase na meninice é enorme: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” (14.20-22).
Ainda, no mesmo capítulo: “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós” (23-25).
Vale lembrar que Corinto era uma cidade portuária. Mais do que isso: Possuía um canal que poupava a circum-navegação da península do Peloponeso (a qual, dependendo do vento, poderia levar dias). Para atrair os marujos que o usavam, a cidade oferecia gratuitamente muitos templos, com prostitutas e prostitutos cultuais, conforme os Deuses dos muitos povos que por lá passavam, cobrando caro pelos demais serviços oferecidos.
Como anunciar o Evangelho a falantes de tantos idiomas? O Espírito Santo capacitava os membros daquela Igreja do mesmo modo como fez no Dia de Pentecostes. Entretanto, Paulo os exorta a que tenham cuidado para não escandalizarem indoutos e incrédulos. Marujos estrangeiros que eventualmente entrassem na igreja deveriam ouvir as grandezas de Deus “ordeira e decentemente” (14.40), de grupos de “dois ou quando muito três, e isto sucessivamente” (14.40) e com interprete para que toda Igreja saiba o que se está falando.
Duas conclusões se impõem:
1ª – Você se preocupa com evangelização? Cultue a Deus ordeira e decentemente e o resultado será a proclamação de que Deus está presente: Veja os versículos 24 e 25: “… é convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós”.
2ª – Repare no oposto. Na confusão instalada. Qual é o julgamento que as Sagradas Escrituras autorizam que os incrédulos façam a respeito da Igreja? Não é que estão loucos? Entendeu por que razão eu creio que o movimento pentecostal (que está fazendo 100 anos) foi a institucionalização (com a permissão divina) da vergonha sobre a Igreja?
Revisado por Ewerton B. Tokashiki